julho 31, 2004

O medo da mudança

Antes de ir de férias (que piada tão engraçada, esta)resolvi escrever um último texto. Espero regressar em Setembro a estas escritas, ainda que fosse mais cómodo intervir de outra forma na discussão, nomeadamente através de comentários noutros blogues de referência sobre o tema. Uma outra possibilidade era oferecer parte das acções deste blogue, já que sou o único accionista. Já fiz propostas, mas ninguém aceitou. Julgo que não acreditam nas potencialidades da empresa.

Mas vamos ao tema de hoje.

Por vezes, mais do que aquilo que se escreve nos "posts" dos vários blogues, sigo com bastante interesse os comentários, muitos deles transmitindo a opinião de alguns docentes do ensino superior (ES), de diversas áreas. Esta discussão é muito interessante. Quem a promove e alimenta com entusiasmo são docentes do ES, ainda que não exclusivamente. Poderá parecer que todos estão interessados numa mudança profunda no "status quo" vigente. Desenganem-se. Debaixo duma capa de pessismo, alguns deles têm receio de que qualquer mudança possa afectar o seu dia-a-dia. Preferem que continue tudo como está, mesmo sabendo que está mal, do que uma mudança com consequências que desconhecem verdadeiramente. As mudanças trazem sempre perdas. Por vezes sofrimento. Instabilidade. E muitos sabem disto. Sabem-no, ainda que inconscientemente, pelas experiências do quotidiano, em particular da sua vida pessoal.

Até há bem pouco tempo defendia que só uma nova geração poderia alterar a inércia de algumas faculdades. Acreditava que gente com projectos e ideias novas poderiam revitalizar a Universidade. Esta gente existe. No entanto, quando se abrem as portas à entrada de um novo docente, muitas das vezes o lugar é oferecido a quem melhor se enquadrar no sistema de subalternização vigente. Não basta ser-se bom no que se faz. Por vezes isso nem é elemento essencial. É preciso outro tipo de "qualidades"...

Boas Férias!

julho 27, 2004

Artigos

Nos comentários ao texto anterior houve quem falasse do (escasso) número de artigos publicados pelos professores catedráticos ou por quem já apresentou doutoramento. Devo concordar que há um fundo de verdade nesse comentário. Mas fazer a relação nº de artigos publicados/ano é perigoso. Mais uma vez, falou-se que nas ciências sociais a baixa produtividade é maior. Pois, mas permitam que vos diga que escrever um artigo sobre a introdução da batata em Portugal (atrevam-se a estudar o tema) levará muito mais tempo do que um que analisa a evolução dos preços em 2003. Não acredito em quem apresenta, na minha área, muitos artigos em pouco tempo. Sobretudo se são jovens historiadores. Acredito é que muita gente publica a mesma coisa em vários sítios, com títulos diferentes. Como acredito que haja quem vá a todos os congressos falar dum qualquer monarca da I Dinastia (sem qualquer preconceito dinástico, mas estou a lembrar-me dum caso em particular).

Isto leva-me mais longe. Como é que a Fundação para a Ciência e Tecnologia pode avaliar da mesma forma os resultados de um projecto em Física e outro em História. Nesta última, só para a recolha dos materiais nos arquivos (ai os nossos arquivos... e os seus auxiliares de pesquisa... e os seus caixotes...) é necessário sempre imenso tempo, até porque as verbas para recursos humanos, nestes projectos, são diminutas.

julho 24, 2004

Medos

Disse-me um deste dias um Professor lá da faculdade (que por acaso não era de História, mas isso é irrelevante) que, agora mais informado sobre Bolonha, se tinha "convertido". Acredita que só poderá vir aí maior qualidade. Mas o que achei mais curioso foi ele dizer que uma das razões para estar mais confiante com as mudanças, é o facto de alguns colegas se mostrarem contrários porque receiam os despedimentos. Disse-me ele, então, que isso é muito bom sinal. E espera mesmo que esses receios se confirmem. Não me surpreenderam estas e outras palavras vindas de quem vieram. Tenho que o apresentar à Cassandra.

julho 21, 2004

Fusão nas Privadas

Nasceu a terceira maior instituição de ensino superior particular em Portugal, fruto da fusão da Universidade Independente (UnI) e do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM). De acordo com os responsáveis pelas instituições, a concentração é o futuro do ensino privado e esta é apenas a primeira «pedrada no charco». Estão já em discussão novas parcerias.

«A fusão é forçosamente o futuro das instituições privadas, uma vez que não é possível continuarem a existir tantas face a um mercado que evolui», disse o vice-reitor da UnI. A evolução à qual Rui Verde se refere é a diminuição do número de alunos no ensino superior. Juntas, a UnI e a IPAM têm mais de cinco mil alunos.

In DN e JN de hoje.

julho 17, 2004

Partida

Hoje tomou posse o novo Governo de Portugal.


julho 13, 2004

Enfermagem veterinária

O Ministério da Ciência e do Ensino Superior decidiu abrir para o próximo ano lectivo um curso de bacharelato em enfermagem veterinária no Instituto Politécnico de Viseu, um dos 80 novos cursos que vão entrar em funcionamento.

Já agora mais estes: Estatística e Apoio à Decisão (em Ponta Delgada) e Educação Sénior (na Madeira).

E esta, hein?

julho 11, 2004

Portucalense sob investigação

A direcção da cooperativa que gere a Universidade Portucalense, no Porto, aguarda "serenamente" o decorrer das investigações levadas a cabo pela Polícia Judiciária (PJ), que anteontem efectuou uma busca às instalações daquele estabelecimento de ensino, tendo apreendido diversa documentação.


A diligência efectuada pelos agentes da PJ aos gabinetes da direcção da cooperativa foi efectuada na sequência de uma denúncia ao Ministério Público e tem por base alegações de gestão danosa e utilização indevida de dinheiros. "Não sei se existe" ou não gestão danosa na Portucalense, afirmou Ana Machado, reconhecendo, porém, que a suspeita "é um acto de difícil gestão" para a direcção da cooperativa.


A ler, no Público de hoje.

julho 07, 2004

Sinais

Uma desgraça nunca vem só. Não é o que costumam dizer? Pois, às vezes tal parece confirmar-se. Até estou a pensar mudar o tema do meu mestrado para "Por que é que colocam nomes de Santos aos Hospitais?" ou "O microcosmos hospitalar: experiência antropológica".

Entretanto tenho dado um salto aos blogues do costume, em especial aos que falam do Ensino Superior. Tem estado bastante interessante a discussão que partiu da reforma em Harvard. Se eu fosse professor universitário, com tudo o que tenho aprendido com os mestres da BlogoESfera, já estava mais apto para ser um "tipo" do contra com argumentos mais bem fundamentados. Mas como não sou, tornei-me num cidadão mais informado. Obrigado.

Espero para a semana estar de regresso, para dar o meu contributo na discussão, ainda que ache bom ela estar centralizada nos blogues de referência.

Até breve.

julho 01, 2004

1º dia

Tinha que registar aqui este facto da minha vida profissional: a partir de hoje deixei de ser bolseiro de investigação científica. Voltei a ser apenas estudante.