maio 26, 2004

Os Politécnicos vão acabar?

Luciano de Almeida, presidente do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), pediu ontem o apoio da sociedade civil e das forças políticas da região para transformar o IPL numa universidade politécnica, em consequência da aprovação da nova Lei de Bases, que mantém a impossibilidade de os politécnicos conferirem o grau de doutor. (...)
Relativamente à criação de uma universidade pública em Viseu, o presidente do IPL considerou que, se o projecto avançar, estaremos a assistir ao nascimento de uma universidade politécnica, tendo em conta as áreas de formação que ali serão ministradas. "Com os critérios que foram utilizados para criar a universidade em Viseu, podem ser criadas uma dúzia delas. O único obstáculo para não se criar uma universidade na minha aldeia é o facto de não ser uma Área Metropolitana", ironizou.

A ler, no Público

maio 24, 2004

Ciências da vida não são prioridade

Entre todas as disciplinas da área das ciências e tecnologias, considerada prioritária para o Ministério da Ciência e Ensino Superior e onde é admitido um aumento do número de vagas no ano lectivo de 2004/2005, a ministra Maria Graça Carvalho não incluiu as chamadas ciências da vida. Assim, os cursos de bioquímica e biologia correm o risco de ficarem com o "numerus clausus" congelado.

A ler, no Público

maio 23, 2004

Novo director da Torre do Tombo que afinal não é Torre do Tombo

O historiador de arte Pedro Dias é o novo director do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo (IAN/TT).

Perguntou-lhe um jornalista, em entrevista recente ao Expresso, como tinha encontrado o IANTT. Respondeu Pedro Dias: "Numa situação de perplexidade, porque ia haver uma mudança de direcção - a directora-geral, Miriam Halpern Pereira, tinha sido nomeada pelo ministro José Sasportes, com outro projecto político. Isso levou a que a Torre do Tombo (TT) tivesse momentos de indefinição, quer da direcção quer do Governo, o qual esperava que eu viesse a assumir funções para algumas mudanças de carácter estrutural. Isto não envolve qualquer crítica à minha antecessora, mas o facto de saber-se com muita antecedência que a directora não ficaria foi prejudicial. Se a TT se integra muito bem no MC, o instituto, em si, é transversal a toda a administração pública: as suas competências passam por todos os ministérios. Daí ser complicado ter alguém neste lugar que não se revê claramente no programa do Governo em funções."

Até o director da Torre do Tombo tem de ser alguém da confiança do governo?! Mas porquê? Fica claro que em Portugal tudo, mesmo tudo é pensado a curto prazo. Fica também evidente que qualquer lugar de nomeação governativa é sempre um lugar a curto prazo. Mudam os governos, muda o responsável por determinado organismo. Assim será impossível mudar o que quer que seja em Portugal. E ainda não se lembraram de privatizar o IANTT...


Nota 1) Justificação do título de hoje: diz o novo director do IANTT que "continua a existir um equívoco: isto não é a Torre do Tombo, é o Instituto de Arquivos Nacionais/Torre do Tombo. Já houve uma separação entre a TT e o então Instituto Português de Arquivos. Foi muito mau terem-se unido, mas seria uma catástrofe voltar atrás."

Nota 2) A entrevista, na íntegra, foi-me amavelmente fornecida pelo MJMatos, do Que Universidade?. Se alguém a quiser, também a poderei facultar.

maio 22, 2004

Apontamentos

O Fio de Ariana continuava com uma crise identitária. Como seu tutor, resolvi sentar-me à sua frente para termos uma conversa. Tentei explicar-lhe que, nesta idade, surgem dúvidas sobre tudo. Mas ele estava mesmo melancólico. Entre um Professorices e um recém-chegado Ensino Superior em Crise, sentia-se com a auto-estima em baixo. Procurei ajudá-lo e sugeri-lhe que falasse de algo que preocupasse os seus colegas da faculdade. O Fio saltou no ecrã e disse com entusiasmo: “-Já sei. Conseguir apontamentos emprestados e fotocópias.” Estava encontrado o tema do dia.

No meu tempo de estudante eu era um aluno que tirava muito poucos apontamentos nas aulas. Em alguns casos porque preferia ouvir o professor e tentar perceber a matéria, tomando nota de apenas alguns tópicos. Noutros, porque do que o professor dizia, em 2 horas de aulas, pouco de essencial se aproveitava. Mas a maior parte dos colegas tirava imensos apontamentos. Pareciam funcinários do tribunal. Quando chegava a altura dos exames, havia quem pedisse os apontamentos emprestados a esses colegas-escrivães. A maior parte estudava por apontamentos: pelos seus ou pelos de outro colega. Nas aulas, raramente alguém tinha dúvidas. Quando interrompiam o professor era para lhe pedir que repetisse o que tinha dito...

O certo é que, em algumas disciplinas, estudar pelos apontamentos dava muito bons resultados. Quando assim acontecia, eu tinha uma má surpresa na pauta... Como não tinha apontamentos, e cometia a heresia de fazer leituras, não poderia responder ao que o professor pretendia.

Ora, alguns colegas alcançavam os resultados necessários para passar de ano sem irem às aulas e sem lerem um único livro. E não estou a falar de trabalhadores-estudantes. Esses, muitas vezes, surpreendiam pelos bons resultados.

Foi a pensar nestes episódios que um dia destes lancei o repto sobre a Universidade Aberta. O Jorge Morais ainda não me respondeu, mas voltarei ao assunto. Mas porquê invocar a UA neste contexto? Porque, segundo sei, na UA não existem aulas presenciais e os alunos têm ao dispor manuais. Ora, na UA isso até pode ser compreensível, se o manual servir como guião de estudo. Deixa de o ser se o aluno não ler mais nenhuma obra. Mas o caso é mais grave no caso do ensino presencial, em que a maior parte dos alunos não são trabalhadores-estudantes. Não é aceitável que se conclua um curso lendo apenas apontamentos. Informação não é sinónimo de conhecimento: ler vários autores sobre o mesmo assunto é essencial para a construção de um espírito crítico, de análise e reflexão.

Mas será a responsabilidade só dos alunos? Não me parece. Os professores promovem esta situação ao darem um tom descritivo às suas aulas e, nos exames, colocarem questões que não obrigam à análise e conduzem à mera narração.

maio 21, 2004

Crise

Este blogue está com crise de identidade.
Tenham paciência e voltem noutro dia.

maio 20, 2004

Repto

Hoje lanço um desafio ao nosso colega dos Estudos Gerais.

Jorge Morais,

Quer explicar-nos porque é que é importante existir a Universidade Aberta (UA)?
Um licenciado pela UA tem uma preparação idêntica à ministrada no ensino presencial?
Como se produz investigação na UA (e eu sei que há investigação) se "não há" alunos?

Claro que no debate pode entrar quem quiser.

maio 19, 2004

Adoro eleições

O Governo açoriano atribuiu hoje 590 mil euros à aquisição de equipamento para a nova biblioteca central da universidade do arquipélago, que custou cerca de quatro milhões de euros.

Apesar de formalmente inaugurada em Julho do ano passado, a infra-estrutura do pólo de Ponta Delgada do estabelecimento de ensino superior não entrou em funcionamento na ocasião, devido à falta de equipamento e à necessidade de transferência do espólio do anterior edifício.

Segundo uma fonte do Governo dos Açores, a verba agora disponibilizada constitui uma das acções previstas no Plano de Investimentos do arquipélago para este ano, aprovado na Assembleia Legislativa Regional.

Além disso, enquadra-se no esforço que o Executivo regional tem desenvolvido de "solidificação técnica, científica e financeira" da Universidade dos Açores, que dispõe de cerca de três mil alunos, disse a mesma fonte.

A biblioteca central da universidade, inaugurada pelo anterior reitor Vasco Garcia, vai centralizar um espólio de cerca de 200 mil volumes, permitindo ainda aos alunos e docentes acederem, por meios informáticos, às redes bibliográficas nacionais e internacionais.

In Público.pt - Última Hora

Vila Nova de Gaia...

...quer Universidade!

Barrancos...

...quer Universidade!

Fátima...

...quer Universidade!

Canas de Senhorim...

...quer Universidade!

Eu

Uma das questões que se debate acerca da blogosfera é a da possibilidade que existe de utilizar este meio com fins pouco éticos, nomeadamente utilizando a calúnia. Ora tal só é possível dado o anonimato que aqui é facilitado.

Quando iniciei este blogue comecei por assinar como Fio, mas pela invocação de Clio, musa da História (iconograficamente aqui representada no canto superior), houve quem sugerisse que adoptasse aquele nome. E assim foi até há pouco tempo, quando decidi assinar estes textos com as iniciais do meu nome. Nunca procurei um verdadeiro anonimato, e o facto de procurar sempre transmitir a minha opinião, sem ultrapassar o “risco”, faz com que julgue importante personalizar ainda mais este blogue. Uma personalização que é também humanização e responsabilização. Esta necessidade ética talvez se deva, até, ao facto de aos 15 anos ter optado por Humanidades com a intenção de seguir Jornalismo. Acabei por fazer outras opções. E ainda bem. Sou um licenciado em História bastante satisfeito com o que tenho aprendido, e ainda mais agora com uma tese que é, sem dúvida, o meu grande projecto do momento.

E porquê um blogue sobre o ensino superior? Ao contrário dos autores dos outros três blogues sobre esta temática, não sou professor, nem virei a ser. E, como já perceberam, nem aluno (de licenciatura) sou. Ou seja, move-me apenas a certeza de que é na Escola que está o motor da mudança do país. Enquanto a Escola, e a Escola Superior em particular, continuar como está, será difícil alterar o que quer que seja em Portugal. Ou seja, é um dever de cidadania interessarmo-nos pelo Ensino Superior.

Bem, tudo isto para dizer:

Bom dia! Sou o Hugo Ribeiro.

maio 18, 2004

Amanhã...

...vou pôr tudo a nu!

Universidade a caminho de Viseu (e Bragança que continue a esperar sentada)

Durão Barroso tornou ontem Público a criação de uma universidade (pública) em Viseu. "Vai ser uma universidade que será tecnológica e muito avançada", atirou o primeiro-ministro. "Assim fazemos justiça com esta cidade e com esta região".

Além do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) - que já manifestou ao PÚBLICO que "não existe , neste momento, nenhuma justificação para mais uma instituição de ensino superior, pública ou privada -, também o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) contesta o anúncio de Durão Barroso. "Estamos muito preocupados", acentuou o presidente do CCISP, Luciano de Almeida. "Tendo em conta o discurso que o Governo manteve nos últimos dois anos, em que acusou as instituições de ensino superior de terem criado cursos e escolas a mais, é estranho que agora anuncie outra universidade". Luciano de Almeida acredita que por trás da decisão do Governo estiveram outros critérios que não científicos - "nomeadamente políticos, é claro", vincou, para depois lembrar que a falta de oferta de ensino tecnológico é um falso argumento. Na opinião de Luciano de Almeida, o Governo devia primeiro ter analisado a rede de oferta de ensino superior e só depois verificar se havia necessidade de outra universidade.

Mais uma vez se tomam decisões fáceis. Como é que neste momento se anuncia a abertura duma nova universidade em Portugal, quando até as maiores instituições se começam a ver confrontadas com falta de alunos? E que oferta vai trazer a universidade de Viseu? O que é que, em termos de política de ensino superior, a justifica?

maio 17, 2004

Universidade e Mercado de Trabalho

Já aqui afirmei que me sinto desconfortável nesta pele de aluno a falar sobre o ensino superior. Sobretudo por não ser aluno de licenciatura. Mas adiante. Hoje chamo-vos a atenção para o texto dum filho do 25 de Abril. Escreve o Ricardo Vares:
"Mas o grande segredo da Irlanda parece ser, sem dúvida, a sinergia que foi criada entre a Educação e as Empresas. É o mercado de trabalho que dita as necessidades, é o sistema de ensino que rapidamente se adequa.
É claro que a Educação não pode ser completamente direccionada para o mercado de trabalho porque há sempre teorias a estudar, novos rumos por explorar, novas ideias a considerar. Nem oito nem oitenta. Mas uma coisa parece certa, falta a ligação entre as Universidades e o mercado de trabalho, com raras excepções." A ler.

maio 16, 2004

Informação e Comunicação: descubra as diferenças

Tenho verificado que, em diversas publicações, o curso de Ciência da Informação, ministrado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, surge como sendo uma licenciatura de Jornalismo ou de Comunicação Social. Julgo que o equívoco tem a ver com o nome do curso. No entanto, quem se der ao trabalho de ir ver o elenco das disciplinas que o compõem, rapidamente se apercebe que se trata de uma licenciatura destinada a formar profissionais de arquivos, bibliotecas ou até empresas, com funções de gestão de informação. Em suma, esta que foi uma das primeiras licenciaturas na área no nosso país, a funcionar desde 2001/2002, nada tem a ver com quem quer ser jornalista. Aliás, um pouco mais de atenção levaria a interrogarmo-nos como é que a mesma instituição tinha dois cursos iguais: Ciência da Informação e Jornalismo e Ciências da Comunicação.
Refira-se, porém, que a designação "Ciência da Informação" tem também causado alguma confusão a alguns candidatos ao ensino superior, que julgam estar a concorrer a jornalismo e não a um curso de licenciatura que veio ocupar o lugar de um curso de especialização de dois anos (o curso de Ciências Documentais, a que podiam concorrer licenciados de qualquer área do saber). Esta seria uma outra discussão: até que ponto será correcto criar um curso de banda tão estreita? Até que ponto a formação ministrada no curso de Ciência da Informação não é excessivamente técnica? Teremos arquivistas muito bons a organizar arquivos, mas que não saberão "olhar" para um documento histórico? Teremos bibliotecários que apenas saberão indexar, mas sem gosto pela leitura?

maio 15, 2004

Participação Democrática na Universidade

Na "minha" instituição é tempo de eleições. Como faço parte da élite que não tem direito a voto, confesso que nem sei para que orgãos são as eleições. Mas julgo que se destinam à escolha dos corpos da Associação de Estudantes. Os cartazes afixados pela faculdade fizeram-me recordar uma outra questão: o peso do voto dos alunos nos diversos orgãos da Faculdade e da Universidade. Aqui no Porto, os alunos deixaram, há uns anos atrás, de ter papel decisivo na escolha do reitor. Julgo que isso é muito importante. A eleição do representante máximo da instituição não pode depender da chantagem dos estudantes. Infelizmente, por razões sociológicas, o voto dos estudantes nem sempre é dado a quem potencialmente poderá ser um bom reitor, mas sim àquele cujas promessas vão de encontro ao que os estudantes desejam para si. Ou seja, uma eleição não pode ficar dependente de um único grupo. A Universidade não são só os alunos. No entanto, mesmo não constituindo os alunos a maioria dos votantes, parece-me que o actual modelo geral de governação da universidade necessita de profundas alterações. E julgo que esta não é uma preocupação presente no actual debate acerca da Universidade...

maio 14, 2004

Perdido, no Labirinto

Quando entramos no Labirinto vamos cheios de expectativas. Um objectivo está traçado: chegar à meta. É, sem dúvida, um grande desafio. No entanto, depois de entrar nele, rapidamente nos apercebemos que não será fácil descobrir a saída. Por vezes fazemos o jogo sozinhos. Outras acompanhados. Mas o objectivo e as ânsias são sempre individuais. Claro que poderíamos fazer batota. Furar uma parede do labirinto ou saltar um muro. Isso permitir-nos-ia alcançar a saída de forma mais rápida. Mas, já fora do labirinto, sentirmo-nos-iamos mais felizes e realizados?

Estou no Labirinto. Sei que encontrarei a saída. Sei que chegarei à meta. Sei que não estou sozinho. Apenas desconheço o como.

maio 13, 2004

Manifesto Pela História

Já há alguns dias que tinha assinado o Manifesto Pela História. Mas só hoje, ao ler o BioTerra é que me lembrei que poderia aqui divulgar esta iniciativa da Associação de Professores de História.


Manifesto "Pela História"
Para: Presidente da República; Presidente da Assembleia da República; Primeiro Ministro; Ministro da Educação; Ministra da Ciência e do Ensino Superior; Ministro da Cultura

A HISTÓRIA preserva a memória, contribuindo para o desenvolvimento da consciência social;
A HISTÓRIA alia permanências e mudanças, perenidade e relatividade, fundamentando a construção de uma identidade inclusiva (local, nacional e global);
A HISTÓRIA recorda o passado colectivo e, como diz José Mattoso, recordar o passado colectivo é uma forma de lutar contra a morte.

Esta consciência cidadã, aliada às potencialidades formativas das metodologias da educação histórica, torna manifesta a importância essencial da disciplina de História nos currículos escolares, como o reconheceu a Conferência Permanente dos Ministros Europeus da Educação, reunida na Noruega em 1997. As conclusões da Conferência, subscritas pelo governo português, consideram que:

O ensino da História pode e deve ter uma importante contribuição para a educação em geral e, em particular, para a educação de uma cidadania democrática permitindo aos jovens: i. Aprenderem acerca da sua herança histórica, bem como a de outras pessoas e nações; ii. Adquirirem e praticarem técnicas fundamentais, tais como a capacidade de pensarem por eles próprios, a capacidade para tratarem e analisarem de forma crítica diferentes formas de informação e a capacidade de não se deixarem influenciar por informação preconceituosa e por argumentos irracionais; iii. Desenvolverem atitudes básicas tais como a honestidade intelectual e rigor, um julgamento independente, uma abertura de espírito, a curiosidade, a coragem civil e a tolerância.

Desde a sua formação, a Associação de Professores de História tem procurado contribuir activamente para a promoção da História e a consecução dos objectivos do seu ensino. É, assim, incompreensível e preocupante o espaço cada vez menor atribuído à História nos actuais 2º e 3º ciclos do ensino básico, (reduzida em muitas escolas a escassos 90 minutos semanais) e o seu eventual futuro desaparecimento do currículo como área autónoma de saber.

A APH reafirma a importância da consagração do lugar da História no currículo da escolaridade obrigatória, dotada de tempos lectivos adequados e com o relevo que o seu papel na formação da cidadania democrática lhe exige.

Associação de Professores de História

Assine aqui a petição!

maio 12, 2004

Regresso

Voltei.
Foram três dias engraçados e bem passados, em termos humanos. O sotão é que podia ter sido mais generoso comigo. Mas enfim, contingências da investigação.
Mas foi bom cruzar-me com uma pessoa em particular, e conhecer uma outra, bastante simpática e cujos gestos e olhar espelhavam o entusiasmo com que está na investigação. Só por isto valeu a pena ir a Lisboa.

Entretanto, para quem quer mais informações sobre o Congresso/Seminário Internacional do Sal, pode entrar aqui.

maio 08, 2004

Até Breve!

Estou mais uma vez de partida. Na próxima semana refugiar-me-ei no grande sótão nacional.

Até Breve!

Objectividade subjectiva

Os factos de que a ciência se ocupa são factos seleccionados e construídos. Esta é hoje uma afirmação admitida por todo o mundo, mas tempos houve em que teria chocado profundamente o cientista positivista, esse homem de ciência que se considerava conhecedor, segundo ele próprio dizia, de “factos puros”.

Mas se há que reunir “factos puros” surge imediatamente uma questão: quais os factos a recolher? Uma opinião banal ficaria satisfeita em dizer: os que estiverem relacionados com a investigação em curso. É então necessário que tenhamos formulado previamente a ideia do que vamos recolher. Ou seja, para um positivista a ciência observaria o que realmente acontece, mas na realidade ela só estuda o que captam os métodos científicos e observa tal como eles o captam.

Em História não conhecemos, nem podemos conhecer, a realidade histórica em si, i.e., “como realmente aconteceram as coisas”, se nesta frase “realmente” quer dizer com “independência de todo o observador que as contemple”. Das coisas da história não conhecemos mais do que o que nos é apresentado na sua relação com nós próprios, na sua selecção pelo sujeito que as submete à nossa observação – o historiador que as interpreta. Tal como disse Heisenberg da física: “Na ciência o objecto da investigação não é a natureza em si mesma, mas sim a natureza submetida à interrogação dos homens.”

maio 07, 2004

Quem mora na Ajuda?

O Palácio da Ajuda parece estar ao abandono. Dizem os vizinhos que costumam ver por lá o senhor da foto, mas ninguém sabe o que é que ele vai lá fazer. Agradecemos a quem nos saiba dar mais informações. Quem é este homem?

História Narrativa

Achegas ao Holocénico.

A narrativa histórica tornou-se tema de pelo menos dois debates, que têm ocorrido independentemente, apesar da relevância de um para o outro. Em 1º lugar, há a conhecida e longa campanha de oposição entre os que afirmam, como Fernand Braudel, que os historiadores deveriam considerar as estruturas mais seriamente do que os acontecimentos, e que aqueles que continuam a acreditar que a função do historiador é contar uma história. Este tópico não vou desenvolver. Avancemos para o segundo.

O 2º debate teve início nos EUA, nos anos 60, mas nunca teve tanto destaque como o 1º, talvez por parecer meramente literário. Não está preocupado com a questão de escrever ou não a narrativa, mas com o problema do tipo de narrativa a ser escrita.
Em 1º lugar, poderia ser possível tornar as guerras civis e outros conflitos mais inteligíveis, seguindo-se o modelo dos romancistas que contam as suas histórias, partindo-se de mais do que um ponto de vista. Para permitir que as "vozes variadas e opostas" da morte sejam novamente ouvidas, o historiador necessita, como o romancista, de praticar a "heteroglossia."
Em 2º lugar, cada vez mais historiadores estão a começar a perceber que o seu trabalho não reproduz "o que realmente aconteceu", tanto quanto o representa de um ponto de vista particular. Para comunicar essa consciência aos leitores de História, as formas tradicionais de narrativa são inadequadas. Os narradores históricos necessitam de encontrar um modo de se tornarem visíveis na sua narrativa, não de auto-indulgência, mas advertindo o leitor de que eles não são omniscientes ou imparciais e que outras interpretações, além das suas, são possíveis.
Em 3º lugar, um novo tipo de narrativa poderia, melhor que as antigas, fazer frente às demandas dos historiadores estruturais, ao mesmo tempo que apresenta melhor um sentido do fluxo do tempo do que em geral o fazem as suas análises.

(Bibliografia: BURKE, Peter - A história dos acontecimentos e o renascimento da narrativa)

maio 06, 2004

A História Conceptualizante

Segundo Paulo Veyne, a história não se reduz ao campo de aplicação das ciências, mas também não é residual em relação a essas ciências: ela comporta núcleos de cientificidade. Por conseguinte, beneficiará dos eventuais progressos das restantes ciências, ainda que essa contribuição seja sempre limitada. Mas então, que perspectivas de futuro ficam abertas à história? A da conceptualização de que a obra sociológica de Max Weber continua a ser o modelo.

De acordo com o mesmo autor, não sendo cientifica, a história não deixa, por isso, de ser uma actividade muito elaborada e que não se improvisa. A compreensão dos acontecimentos não é imediata, as sociedades humanas não são transparentes por si próprias. Para Veyne, o século XX assistiu a grandes progressos na disciplina histórica, que se situam não na descoberta dos mecanismos e motores que explicariam a história, mas na explicação, na conceptualização do não factual. Não se sabia, ainda no século passado, falar de classes, estilo de vida, racionalismo económico, mobilidade social... Um livro de história dos nossos dias é um livro que encontra palavras que permitem “tomar consciência” das realidades que se sentia vagamente sem se saber sistematizá-las.

P.S.: Espero que com este assento o José volte a aparecer por aqui...

Bolonha

O essencial sobre o processo de Bolonha, em documento do próprio MCES. A ler, em 5 minutos.

maio 05, 2004

Seminário do Sal Português

Nos dias 27, 28 e 29 de Maio, tem lugar o I Seminário Internacional sobre o Sal Português, nas cidades do Porto, Aveiro e Ílhavo, organizado pelo Instituto de História Moderna da Faculdade de Letras do Porto (IHM).

A nova versão do "site" do IHM estará on-line em breve (darei notícia aqui). Até lá, podem conhecer as comunicações que irão ser apresentadas através da Universidade de Aveiro, ainda que o programa aqui apresentado esteja com algumas lacunas (não indica o nome dos conferencistas, nem dá informações sobre o modo de inscrição).

Silêncio

Queima do Porto

Há uns anos atrás (poucos, que ainda sou um miúdo), estava eu no 1º ano da faculdade, participei no cortejo da Queima das Fitas. Marçal Grilo era o Ministro da Educação e o alvo predilecto da contestação estudantil. Os carros de cada curso e/ou faculdade exibiam frases bem humoradas e de crítica ao ministro e às suas políticas. Havia imaginação.

Ontem realizou-se mais um cortejo. Por razões familiares fui assistir. Os carros que tinham colunas de som passavam músicas como o "Mister Gay", a do "Dartacão" ou o "Eu vou" (dos Sete Anões). É verdade que a maior parte destes carros "com som" eram de instituições privadas. Mas ainda me lembro que quando não havia meios técnicos a voz dos estudantes remediava essa falta, e gritavam-se bem alto frases de protesto (com mais ou menos conteúdo).

Nos carros eram poucos os "slogans" em que se alertava para os problemas materiais das faculdades. Um ou outro lá trazia uma qualquer frase sobre as já "velhinhas propinas"... Não me recordo de ontem ter visto ou ouvido qualquer mensagem relativa às políticas do Ministério da Ciência e Ensino Superior. Já os estudantes de Coimbra, por exemplo, não precisaram de esperar pela Queima, e montaram na Praça D. Dinis o "cemitério da educação"...

Reparei, isso sim, nos habituais excessos de álcool e de muitos estudantes com os telemóveis de último modelo, com câmara fotográfica incorporada. Enfim, eu ainda sou do tempo em que se ia de autocarro para a faculdade.

Estarei velho?

maio 04, 2004

Salvem os Arquivos

Miriam Halpern Pereira, historiadora e ex-directora da Torre do Tombo, escreve hoje no Público a propósito dos arquivos nacionais (em particular dos da administração central). Deixo-vos aqui um parágrafo desse texto, convidando-vos a todos a lê-lo na íntegra. Isto é mais do que uma notícia sobre cultura e património... Trata-se duma questão de cidadania. O estado dos arquivos nacionais espelha o estado do país!

"O resultado está patente na acumulação de centenas de quilómetros da documentação da administração pública, já avaliada ou não, dispersa em inúmeros depósitos, localizados maioritariamente na área de Lisboa, e com particular incidência na sua zona nobre. O seu acesso está naturalmente vedado ao público. Nos depósitos do conjunto da administração pública encontra-se documentação que remonta nalguns casos ao século XVIII, embora o grosso date do século XIX e de todo o século XX, como permite conhecer com rigor o "Diagnóstico aos arquivos da administração pública" (IANTT/OAC, Janeiro, 2004)."

E quem tem a oportunidade de visitar um destes arquivos (ainda que fechados ao público), como eu tive há duas semanas atrás, consegue não só comprovar o quão verdadeiras são estas afirmações, como sentir um misto de revolta e profunda tristeza pelo pouco interesse que o País manifesta pela preservação da sua memória e, portanto, da sua identidade. Quem um dia estudar o século XX, o século da informação, poderá vir a confrontar-se com uma paradoxal falta de fontes históricas (pelo menos de determinado tipo).

É o País que temos, mas nós também somos País...

maio 03, 2004

Católica ainda mais privilegiada?

Segundo o DN, a nova concordata assinada entre Portugal e o Vaticano beneficiará a Universidade Católica. Na opinião de Adriano Pimpão, que falou ao DN a título pessoal e não enquanto Presidente do Conselho de Reitores, «não há dúvida que a UCP tem a sua especificidade que consiste em transmitir um ensino com base na religião Católica», diz, recusando-se a aceitar que a Católica possa criar cursos sem que sejam submetidos à análise prévia por parte do Ministério da Educação (ME), tal como acontece com as outras instituições de ensino superior, públicas e privadas. Estas ideias são partilhadas por Augusto Santos Silva e Francisco Louçã, também ouvidos pelo DN.

Ruínas abandonadas

Noticía o Público que as ruínas romanas de Tróia estão fechadas e sem projecto de valorização.

maio 01, 2004

O Financiamento e as Ciências Sociais e Humanas

O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) divulga uma carta de João de Pina Cabral, alertando para as implicações do novo modelo de financiamento à ciência nas unidades da área das ciências sociais e humanas. A ler!!

Dentro da mesma temática, o Causa Nossa divulga parte duma carta dirigida por Paula Godinho à Ministra da Ciência e Ensino Superior. A ler por quem quer saber como são tratados os investigadores em Portugal.

Retratos

História na Net

Para todos os interessados, mas com dedicatória para a Azul mais interessante da blogosfera, aqui deixo alguns endereços de sítios portuguesas ligados à História. No entanto, como a intenção é apenas divulgar, não farei, de momento, qualquer avaliação crítica.

APHES
CIDEHUS
Atlas Histórico
História "Ultramarina"
História Religiosa
Centro Documentação História Sindical
Portal da História
Ler História

Em breve anunciarei pelo menos mais um...

Opinião

O antigo Ministro da Ciência, Mariano Gago, comentou as medidas da actual titular. A ler, hoje, no Público.

Erasmus Nacional

Foi com satisfação que hoje li no Público que a Sra. Ministra da Ciência e Ensino Superior concorda comigo (ver neste blogue assento do dia 9 de Março) e criou um programa de mobilidade para os estudantes (e professores) em território nacional. A ideia é que um aluno, por exemplo, possa fazer um ou vários semestres da licenciatura, ou mesmo parte do mestrado, em diferentes instituições de ensino, independentemente da região em que se localizem, recebendo para isso um apoio financeiro.

A união faz a força!

Só muito recentemente tive conhecimento da Associação de Bolseiros de Investigação Científica. A partir de 1 de Julho deixarei de ser bolseiro, mas mesmo assim quero aqui divulgar esta associação, esperando que todos os interessados adiram.