Segundo Paulo Veyne, a história não se reduz ao campo de aplicação das ciências, mas também não é residual em relação a essas ciências: ela comporta núcleos de cientificidade. Por conseguinte, beneficiará dos eventuais progressos das restantes ciências, ainda que essa contribuição seja sempre limitada. Mas então, que perspectivas de futuro ficam abertas à história? A da conceptualização de que a obra sociológica de Max Weber continua a ser o modelo.
De acordo com o mesmo autor, não sendo cientifica, a história não deixa, por isso, de ser uma actividade muito elaborada e que não se improvisa. A compreensão dos acontecimentos não é imediata, as sociedades humanas não são transparentes por si próprias. Para Veyne, o século XX assistiu a grandes progressos na disciplina histórica, que se situam não na descoberta dos mecanismos e motores que explicariam a história, mas na explicação, na conceptualização do não factual. Não se sabia, ainda no século passado, falar de classes, estilo de vida, racionalismo económico, mobilidade social... Um livro de história dos nossos dias é um livro que encontra palavras que permitem “tomar consciência” das realidades que se sentia vagamente sem se saber sistematizá-las.
P.S.: Espero que com este assento o José volte a aparecer por aqui...