Tenho verificado que, em diversas publicações, o curso de Ciência da Informação, ministrado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, surge como sendo uma licenciatura de Jornalismo ou de Comunicação Social. Julgo que o equívoco tem a ver com o nome do curso. No entanto, quem se der ao trabalho de ir ver o elenco das disciplinas que o compõem, rapidamente se apercebe que se trata de uma licenciatura destinada a formar profissionais de arquivos, bibliotecas ou até empresas, com funções de gestão de informação. Em suma, esta que foi uma das primeiras licenciaturas na área no nosso país, a funcionar desde 2001/2002, nada tem a ver com quem quer ser jornalista. Aliás, um pouco mais de atenção levaria a interrogarmo-nos como é que a mesma instituição tinha dois cursos iguais: Ciência da Informação e Jornalismo e Ciências da Comunicação.
Refira-se, porém, que a designação "Ciência da Informação" tem também causado alguma confusão a alguns candidatos ao ensino superior, que julgam estar a concorrer a jornalismo e não a um curso de licenciatura que veio ocupar o lugar de um curso de especialização de dois anos (o curso de Ciências Documentais, a que podiam concorrer licenciados de qualquer área do saber). Esta seria uma outra discussão: até que ponto será correcto criar um curso de banda tão estreita? Até que ponto a formação ministrada no curso de Ciência da Informação não é excessivamente técnica? Teremos arquivistas muito bons a organizar arquivos, mas que não saberão "olhar" para um documento histórico? Teremos bibliotecários que apenas saberão indexar, mas sem gosto pela leitura?