Durão Barroso tornou ontem Público a criação de uma universidade (pública) em Viseu. "Vai ser uma universidade que será tecnológica e muito avançada", atirou o primeiro-ministro. "Assim fazemos justiça com esta cidade e com esta região".
Além do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) - que já manifestou ao PÚBLICO que "não existe , neste momento, nenhuma justificação para mais uma instituição de ensino superior, pública ou privada -, também o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) contesta o anúncio de Durão Barroso. "Estamos muito preocupados", acentuou o presidente do CCISP, Luciano de Almeida. "Tendo em conta o discurso que o Governo manteve nos últimos dois anos, em que acusou as instituições de ensino superior de terem criado cursos e escolas a mais, é estranho que agora anuncie outra universidade". Luciano de Almeida acredita que por trás da decisão do Governo estiveram outros critérios que não científicos - "nomeadamente políticos, é claro", vincou, para depois lembrar que a falta de oferta de ensino tecnológico é um falso argumento. Na opinião de Luciano de Almeida, o Governo devia primeiro ter analisado a rede de oferta de ensino superior e só depois verificar se havia necessidade de outra universidade.
Mais uma vez se tomam decisões fáceis. Como é que neste momento se anuncia a abertura duma nova universidade em Portugal, quando até as maiores instituições se começam a ver confrontadas com falta de alunos? E que oferta vai trazer a universidade de Viseu? O que é que, em termos de política de ensino superior, a justifica?