Esta dualidade já foi discutida no Professorices, se a memória não me falha. Tendo em atenção esta ideia, leia-se agora a proposta de T. Burke, dos EUA, para uma faculdade de letras. Eis um excerto (para os interessados sugiro a leitura do texto integral):
"A liberal arts college, on the other hand, should be encouraging exactly the opposite path of development in its faculty. Rather than rewarding professors for their increasing detailed expertise in a highly specialized area of research, it should reward them for broadening outwards from their initial base of knowledge, reward them for forging connections between disparate areas of knowledge, reward them for extending their work as intellectuals beyond the campus and beyond academia."
agosto 31, 2004
Invocação
Este blogue é como a História. Passa por aqui muita gente, mas só alguns deixam registos.
Muitos estão de passagem, e não voltam. Outros, ainda que visitas habituais, algumas até atribuindo-me um "link" na sua página pessoal ou blogue, nunca cá deixaram um comentário ou enviaram um mail.
Em suma, como cientista do social (pelo menos aspirante a), ainda que de um social que já não existe, confesso que sinto curiosidade em saber quem és. Mas eu sei, vais continuar calado. Tudo bem. Até já estou habituado. Se tu soubesses o quanto é difícil fazer os mortos falarem... Que Clio, agora que terminaram os Jogos Olímpicos, me ajude!
Muitos estão de passagem, e não voltam. Outros, ainda que visitas habituais, algumas até atribuindo-me um "link" na sua página pessoal ou blogue, nunca cá deixaram um comentário ou enviaram um mail.
Em suma, como cientista do social (pelo menos aspirante a), ainda que de um social que já não existe, confesso que sinto curiosidade em saber quem és. Mas eu sei, vais continuar calado. Tudo bem. Até já estou habituado. Se tu soubesses o quanto é difícil fazer os mortos falarem... Que Clio, agora que terminaram os Jogos Olímpicos, me ajude!
agosto 30, 2004
agosto 29, 2004
Doutoramento? Não, obrigado
Último Domingo de Agosto. Hoje não estava a pensar escrever por aqui. Mas como estamos a contar que ainda esta semana o Catedrático da discussão sobre a Educação Superior (como lhe chama) esteja de regresso, e então poderei ausentar-me mais (sim, porque tenho uma tese em mãos, que quero terminar para que a biblioteca da FLUP fique com mais um livro... é o meu contributo), decidi abrir hoje a discussão para novos temas, indo buscar o que alguns "estrangeiros" escrevem por esse mundo fora. É o Fio de Ariana em busca da internacionalização, tão em moda. Assim, e para responder (só em parte, muito em parte) ao desafio do MJMatos, lançado num comentário ao texto anterior, deixo aqui excertos de um texto escrito por um professor de História - a minha área científica - numa pequena universidade americana. Chama-se Timothy Burke, e é "Assistant Professor" no Swarthmore College. A propósito do doutoramento e das "graduate schools" diz ele:
"A Ph.D in the humanities is useful for one thing only these days, and that's being an academic. I don't think that is the way it should be, and I hope reforms will be possible in the near future. But that is the way it is for the moment. Take this issue seriously as well, but consider it independently from the other challenges that graduate work presents." (Não o tinha lido antes de escrever o texto anterior, mas como vemos a visão redutora do doutoramento não é maleita nacional).
"Graduate school is not about learning. If you learn things, it's only because you've already internalized the habit of learning, only because you make the effort on your own and in concert with fellow graduate students. You learn because that's what you do now, that's your life. Don't go into it expecting to extend the kinds of heathily collaborative relationships youâve had to date with your teachers and don't go into it expecting to extend the kinds of educational nurturing youâve had to date. Graduate school is not education. It is socialization. It is about learning to behave, about mastering a rhetorical and discursive etiquette as mind-blowingly arcane as table manners at a state dinner in 19th Century Western Europe."
O texto integral (não é longo, é num blogue...) pode ser lido aqui.
"A Ph.D in the humanities is useful for one thing only these days, and that's being an academic. I don't think that is the way it should be, and I hope reforms will be possible in the near future. But that is the way it is for the moment. Take this issue seriously as well, but consider it independently from the other challenges that graduate work presents." (Não o tinha lido antes de escrever o texto anterior, mas como vemos a visão redutora do doutoramento não é maleita nacional).
"Graduate school is not about learning. If you learn things, it's only because you've already internalized the habit of learning, only because you make the effort on your own and in concert with fellow graduate students. You learn because that's what you do now, that's your life. Don't go into it expecting to extend the kinds of heathily collaborative relationships youâve had to date with your teachers and don't go into it expecting to extend the kinds of educational nurturing youâve had to date. Graduate school is not education. It is socialization. It is about learning to behave, about mastering a rhetorical and discursive etiquette as mind-blowingly arcane as table manners at a state dinner in 19th Century Western Europe."
O texto integral (não é longo, é num blogue...) pode ser lido aqui.
agosto 28, 2004
Portas Abertas
A experiência do Luís numa universidade americana provocou o tipo de comentários a que já nos habituamos aqui no Labirinto. Um dos aspectos referidos por ele foi o das bibliotecas. Abertas 24 horas por dia. É óbvio que isso nos causa surpresa, sobretudo nestes meses de Verão, em que as bibliotecas universitárias (e não só) funcionam com horário reduzido.
A mim não me surpreende que a biblioteca da minha faculdade esteja fechada ao sábado (quanto mais ao Domingo, ou durante a noite...).
Por um lado, isso enquadra-se com o ambiente geral do país. Os arquivos públicos, por exemplo, têm horários de repartição de finanças. Quem quiser fazer investigação "pós-laboral" está impossibilitado. Ao sábado? É claro que os arquivos estão fechados ao sábado. Abrir a biblioteca durante o fim-de-semana, pelo menos em tempo de aulas? Porquê, se a Biblioteca Pública do Porto (pelo menos o núcleo que interessa), por exemplo, está fechada ao sábado (esqueçam o Domingo)?
Mas deixemos de lado o contexto exterior à Universidade. Teria a biblioteca da Faculdade de Letras do Porto (único caso que conheço melhor, por isso o dou como exemplo, mas extensível a muitas outras...), um número mínimo de frequentadores durante o fim-de-semana, ou madrugadas dos restantes dias, para que estivesse de portas abertas (com as despesas que isso implicaria, temos que pensar nisso...)? Não me parece. A maior parte dos alunos das faculdades frequentam as licenciaturas. Os alunos de doutoramento constituem pequenas ilhas que, embora cada vez em maior número, não estão integrados em colégios do tipo dos americanos. Ou seja, simplesmente não existe um ambiente de estudo como o descrito pelo Luís. Nem sequer existem ainda verdadeiros cursos de doutoramento em Portugal (nas letras, mais uma vez, mas certamente em muitas outras áreas). Os doutoramentos eram (e ainda são, em muitos casos) vistos como sendo destinados a quem pretendia seguir a carreira universitária. Visão redutora do doutoramento, mas real.
Existem outras portas a abrir, antes das das bibliotecas... Sobretudo muitas janelas a abrir, para que se vejam outros horizontes e para que entre ar fresco nas nossas faculdades. Bem precisam de arejar...
A mim não me surpreende que a biblioteca da minha faculdade esteja fechada ao sábado (quanto mais ao Domingo, ou durante a noite...).
Por um lado, isso enquadra-se com o ambiente geral do país. Os arquivos públicos, por exemplo, têm horários de repartição de finanças. Quem quiser fazer investigação "pós-laboral" está impossibilitado. Ao sábado? É claro que os arquivos estão fechados ao sábado. Abrir a biblioteca durante o fim-de-semana, pelo menos em tempo de aulas? Porquê, se a Biblioteca Pública do Porto (pelo menos o núcleo que interessa), por exemplo, está fechada ao sábado (esqueçam o Domingo)?
Mas deixemos de lado o contexto exterior à Universidade. Teria a biblioteca da Faculdade de Letras do Porto (único caso que conheço melhor, por isso o dou como exemplo, mas extensível a muitas outras...), um número mínimo de frequentadores durante o fim-de-semana, ou madrugadas dos restantes dias, para que estivesse de portas abertas (com as despesas que isso implicaria, temos que pensar nisso...)? Não me parece. A maior parte dos alunos das faculdades frequentam as licenciaturas. Os alunos de doutoramento constituem pequenas ilhas que, embora cada vez em maior número, não estão integrados em colégios do tipo dos americanos. Ou seja, simplesmente não existe um ambiente de estudo como o descrito pelo Luís. Nem sequer existem ainda verdadeiros cursos de doutoramento em Portugal (nas letras, mais uma vez, mas certamente em muitas outras áreas). Os doutoramentos eram (e ainda são, em muitos casos) vistos como sendo destinados a quem pretendia seguir a carreira universitária. Visão redutora do doutoramento, mas real.
Existem outras portas a abrir, antes das das bibliotecas... Sobretudo muitas janelas a abrir, para que se vejam outros horizontes e para que entre ar fresco nas nossas faculdades. Bem precisam de arejar...
agosto 27, 2004
A não perder
A experiência de Luís Aguiar-Conraria, a fazer doutoramento nos EUA.
(Como de acordo com o código celestial a inveja é pecado grave, estou condenado...).
(Como de acordo com o código celestial a inveja é pecado grave, estou condenado...).
agosto 26, 2004
Bibliotecas de Agosto
É Agosto. A biblioteca está estranhamente silenciosa. Não se ouve o virar das folhas ou o sussuro de quem troca uma ideia com o parceiro do lado. É Agosto. Os livros estão fechados em si mesmos. Será talvez este silêncio incomum, mesmo para uma biblioteca, que tenha perturbado uma funcionária das limpezas e a tenha feito dizer "Não gosto de limpar a biblioteca!".
agosto 24, 2004
agosto 19, 2004
Histórias de Verão
É Agosto. Estamos (quase) todos de férias. Mas hoje decidi contar uma história a quem cá passa.
É feio ouvir conversas telefónicas. Mas a culpa ficará diminuída se a chamada for efectuada num local público...
Bem, o que vos vou contar ouvi numa sala, que também funciona como biblioteca, na Faculdade de Letras de Coimbra. Um senhor professor telefonou para o Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC)pedindo informações a propósito de reproduções de documentação. Perguntava à Sra. Directora (sua colega na faculdade) se o recibo poderia ser passado em nome do Instituto a que estava ligado (que pertence à faculdade). Qual não é o espanto do senhor (e o meu) quando soube que não. O AUC não tem um número de contribuinte próprio, tem o mesmo da universidade. A Faculdade de Letras também tem o número de contribuinte da universidade. Ou seja, todos têm o mesmo número fiscal. Logo, o recibo não poderia ser passado em nome do Instituto, já que ninguém pode passar um recibo a si mesmo.
Momento para o leitor pensar.
Ou seja, como o professor necessita das tais reproduções para desenvolver a sua actividade científica no âmbito do dito Instituto, terá que inventar umas facturas "falsas" para poder pagar as despesas que efectuará. Não deixa de ser curioso... a Universidade de Coimbra não presta serviços a si mesma?
É feio ouvir conversas telefónicas. Mas a culpa ficará diminuída se a chamada for efectuada num local público...
Bem, o que vos vou contar ouvi numa sala, que também funciona como biblioteca, na Faculdade de Letras de Coimbra. Um senhor professor telefonou para o Arquivo da Universidade de Coimbra (AUC)pedindo informações a propósito de reproduções de documentação. Perguntava à Sra. Directora (sua colega na faculdade) se o recibo poderia ser passado em nome do Instituto a que estava ligado (que pertence à faculdade). Qual não é o espanto do senhor (e o meu) quando soube que não. O AUC não tem um número de contribuinte próprio, tem o mesmo da universidade. A Faculdade de Letras também tem o número de contribuinte da universidade. Ou seja, todos têm o mesmo número fiscal. Logo, o recibo não poderia ser passado em nome do Instituto, já que ninguém pode passar um recibo a si mesmo.
Momento para o leitor pensar.
Ou seja, como o professor necessita das tais reproduções para desenvolver a sua actividade científica no âmbito do dito Instituto, terá que inventar umas facturas "falsas" para poder pagar as despesas que efectuará. Não deixa de ser curioso... a Universidade de Coimbra não presta serviços a si mesma?
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