A experiência do Luís numa universidade americana provocou o tipo de comentários a que já nos habituamos aqui no Labirinto. Um dos aspectos referidos por ele foi o das bibliotecas. Abertas 24 horas por dia. É óbvio que isso nos causa surpresa, sobretudo nestes meses de Verão, em que as bibliotecas universitárias (e não só) funcionam com horário reduzido.
A mim não me surpreende que a biblioteca da minha faculdade esteja fechada ao sábado (quanto mais ao Domingo, ou durante a noite...).
Por um lado, isso enquadra-se com o ambiente geral do país. Os arquivos públicos, por exemplo, têm horários de repartição de finanças. Quem quiser fazer investigação "pós-laboral" está impossibilitado. Ao sábado? É claro que os arquivos estão fechados ao sábado. Abrir a biblioteca durante o fim-de-semana, pelo menos em tempo de aulas? Porquê, se a Biblioteca Pública do Porto (pelo menos o núcleo que interessa), por exemplo, está fechada ao sábado (esqueçam o Domingo)?
Mas deixemos de lado o contexto exterior à Universidade. Teria a biblioteca da Faculdade de Letras do Porto (único caso que conheço melhor, por isso o dou como exemplo, mas extensível a muitas outras...), um número mínimo de frequentadores durante o fim-de-semana, ou madrugadas dos restantes dias, para que estivesse de portas abertas (com as despesas que isso implicaria, temos que pensar nisso...)? Não me parece. A maior parte dos alunos das faculdades frequentam as licenciaturas. Os alunos de doutoramento constituem pequenas ilhas que, embora cada vez em maior número, não estão integrados em colégios do tipo dos americanos. Ou seja, simplesmente não existe um ambiente de estudo como o descrito pelo Luís. Nem sequer existem ainda verdadeiros cursos de doutoramento em Portugal (nas letras, mais uma vez, mas certamente em muitas outras áreas). Os doutoramentos eram (e ainda são, em muitos casos) vistos como sendo destinados a quem pretendia seguir a carreira universitária. Visão redutora do doutoramento, mas real.
Existem outras portas a abrir, antes das das bibliotecas... Sobretudo muitas janelas a abrir, para que se vejam outros horizontes e para que entre ar fresco nas nossas faculdades. Bem precisam de arejar...