O Estado (eu, tu e vocês todos), através da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) financiou um projecto de inventariação de uma instituição privada. Privada hoje, mas que fora criada pelo Marquês de Pombal, no século XVIII. Ou seja, detentora de património arquivístico de interesse nacional e que, por razões várias, diz respeito a várias (e não só a uma) instituições extintas. Resultado dessa inventariação, financiada pela FCT (deve ser possível aceder aos valores, mas não me informei), foi publicado um inventário. Não um desses inventários que é mero instrumento de trabalho. Não. Um inventário de luxo, de bom papel e com fotografias. Além do financiamento dado pela FCT, este inventário (que além da versão em papel, tem uma em CD-ROM) recebeu o apoio de várias instituições privadas/públicas (bancos, câmaras, empresas...).
Pois muito bem! Mas quem lá quiser ir consultar a documentação para fins de investigação tem de pagar 50€ por dia. Além disso, tratando-se de um arquivo privado, pode ser vendido. Na íntegra ou às peças. Não gosto de mediddas radicais. Sou defensor do património privado, pessoal e familiar (onde incluo objectos de arte e arquivos das famílias ou empresas). Mas nestas alturas vejo-me a desejar o aparecimento de um Herculano ou dos republicanos (radicais, digo eu).
Ai Portugal, Portugal...