Se fizerem um desses inquéritos de rua e perguntarem aos transeuntes o nome de um historiador português, os que souberem responder dirão "José Hermano Saraiva". Ele é o "historiador" mais conhecido do país. Podem também perguntar quem é, por exemplo, José Mattoso. Poucos ou ninguém saberão responder.
Pois... É natural, não é? O primeiro aparece na televisão há anos, com uma expressividade conhecida e reconhecida. Só há um pormenor: o senhor não é historiador. Não, não estou a ser irónico. Para além das Histórias de Portugal, que outras obras dele conhecem? Que temas históricos tem estudado? E a tese de doutoramento, que tema aborda (se me souberem responder a esta ficaria agradecido)?
Agora imaginem os arrepios que a notoriedade desta personagem causa na comunidade científica dos historiadores. Imaginem um "endireita" ser mais conhecido que um "médico".
Mas eu gosto dele! Sim, gosto mesmo. É certo que nem sempre o seu discurso assenta em bases sólidas. É certo que as fronteiras entre a Ficção e a História por vezes são ténues. Mas caramba, o homem tem entusiasmo. O homem fala com paixão. O homem cativa. E, sobretudo, tem desempenhado um papel de aproximação da população em geral às questões do património e da história. Se em cada localidade por onde passar fizer perceber às suas gentes a necessidade de preservar as pedras antigas e os papéis velhos, julgo que o trabalho do "Prof." José Hermano Saraiva valeu a pena.