Provavelmente muitos nunca ouviram falar dele. Conheci-o há bem pouco tempo. O Prof. Doutor João Francisco Marques, catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é um homem extraordinário.
Tem um poder de comunicação fora de comum, um sentido de humor peculiar, uma sabedoria que nos surpreende em cada conversa. José Régio, Teoria das Ideias, História Religiosa, História das Mentalidades... a Vida. Quase que me atrevia a compará-lo, pelo dom da palavra, com José Hermano Saraiva. Mas seria uma heresia. O Prof. João Marques não tem apenas palavras. Ele sabe. Ele tem conteúdo. Ele é um verdadeiro professor.
De entre os seus interesses de estudo destaca-se a sua grande obra acerca da parenética (sermonária) portuguesa, nomeadamente durante o período filipino. Durante cerca de 40 anos dedicou-se a aprofundar esse objecto. Uma verdadeira paixão. Ninguém em Portugal, Espanha, ou onde quer que seja se iguala a João Marques no que se refere ao estudo da parenética.
Recentemente apresentou um projecto à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito de uma unidade de I&D. Pretendia consolidar todo um trabalho de 40 anos e dá-lo a conhecer a um mais vasto público. Com o financiamento de tal projecto, poderia criar uma equipa, dando a oportunidade a que jovens investigadores pudessem aprender consigo. Não apenas sobre parenética. Iriam aprender a pensar, descobrir, trabalhar, criticar, criar... Iriam aprender...
O projecto obteve a classificação de Bom. Mas não lhe foi atribuído qualquer financiamento.
Ficamos todos a perder.