O século XIII é o século das universidade porque é o século das corporações. Nas cidades em que existe um ofício que agrupe um número importante de membros, eles organizam-se para a defesa dos seus interesses e instauração de um monopólio em seu benefício. É a fase institucional do surto urbano, que materializa em comunas as liberdades políticas conquistadas e em corporações as posições adquiridas no domínio económico. Liberdade é aqui uma palavra equívoca: independência ou privilégio? Encontraremos esta mesma ambiguidade na corporação universitária. A organização corporativa cristaliza aquilo que consolida. Consequência e sanção de um progresso, deixa transparecer um esgotamento, anuncia uma decadência. [...]
O intelectual que conquistou o seu lugar na cidade, revela-se contudo incapaz de optar pelas soluções de futuro, perante as hipóteses que se lhe deparam. Mergulhado numa série de crises que poderíamos julgar de crescimento, e que anunciam afinal a maturidade, não consegue optar pelo rejuvenescimento, instala-se em estruturas sociais e em hábitos intelectuais em que se enrederá.[...]
(LE GOFF, Jacques - Os intelectuais na Idade Média)