fevereiro 26, 2004

Prolegómenos (II)

Nas cidades em que se formam, as universidades manifestam, pelo número e qualidade dos seus membros, uma força que inquieta os demais poderes. [...] Antes de mais contra os poderes eclesiásticos. As universidades são dos clérigos. O bispo local exige a sua submissão. O ensino é função eclesiástica. O bispo, chefe das escolas, de há muito que delegou os poderes que lhe assistem nessa matéria num dos seus oficiais, geralmente designado inspector (scolasticus) no século XIII e que começa a chamar-se chanceler, de preferência. Este mostra-se renitente em abandonar o seu monopólio. [...] Em Paris, o chanceler perde, na prática, em 1213 o privilégio de conferir a licença, ou seja, a autorização para ensinar. Esse direito passa para os mestres da Universidade. Em 1219, na altura da entrada dos membros das ordens mendicantes na Universidade, o chanceler tenta impedir essa novidade. É aí que perde as últimas prerrogativas. Em 1301 deixará mesmo de ser o chefe oficial das escolas. Durante a greve de 1229-1231 a Universidade foi subtraída à jurisdição do bispo.

LE GOFF, Jacques - Os Intelectuais na Idade Média

Amanhã o último "post" sobre este tema...