Hoje vou falar dos arquivos que melhor conheço: os distritais. Em Portugal quase todos os arquivos distritais estão organicamente dependentes da Torre do Tombo. Mas existem excepções: em Coimbra e Braga estes arquivos pertencem às respectivas universidades, e em Guimarães o Arquivo Municipal tem competências de arquivo distrital na área do respectivo concelho. Os arquivos distritais são frequentados não só por investigadores, mas também por todos os cidadãos que procuram uma qualquer certidão dos livros paroquiais ou da conservatória do registo civil (ou outros), aqui depositados (livros com mais de 50 anos, se a memória não me engana).
Foi no Arquivo Distrital do Porto que me iniciei na investigação. Estava no 3º ano da faculdade quando uma professora nos propôs um trabalho prático (voluntário) a partir de fontes manuscritas. Obviamente que aceitei o desafio. Os livros notariais do séc. XVIII foram a primeira fonte com que tive contacto. Ainda hoje continuo a ter uma relação quase afectiva com aquela fonte. Sobretudo pelas memórias que me traz e por ter sido o "primeiro amor". À professora que nos iniciou na investigação (caso raro de trabalho com os alunos) ainda está por fazer a devida homenagem. Mas ela será feita... Bem, mas o que há a dizer sobre o funcionamento deste arquivo? Em termos gerais funciona de forma satisfatória. Os técnicos superiores de arquivo são muito competentes. Claro que, como na maior parte dos arquivos, continuam a faltar bons instrumentos de pesquisa. Mesmo assim, não me parece que se sonegue informação ou que se coloquem entraves à investigação.
Já a situação do Arquivo Distrital de Braga é diferente. Claro que apenas falo da minha experiência pessoal. Isso não pode ser esquecido por quem me lê. Em primeiro lugar não existe um guia geral do arquivo. Ou seja, ainda hoje não sei, verdadeiramente, que documentação lá existe. Mas sei que, infelizmente, certa documentação existe para uns, mas não existe para outros. Eu faço parte dos "outros", mesmo depois de ter confrontado os funcionários com casos concretos de outras pessoas que usaram determinado tipo de documentação cujo acesso me estava a ser negado. Ao ler o último número da revista "Cadernos do Noroeste" descobri mais um caso destes... Brevemente tenciono ir a Braga com o objectivo de esclarecer esta situção. Não gosto que brinquem com quem apenas quer trabalhar.
E por fim o Arquivo da Universidade de Coimbra. Depois de todos as dificuldades em Braga, refugiei-me em Coimbra. E tem corrido tudo muito bem. Aqui também faltam bons inventários, sobretudo para a documentação que não está relacionada com a universidade. Mas existe a boa vontade de todos os que lá trabalham. Recentemente a sua direcção mudou. Esperemos que para melhor. No entanto, sei que não basta o empenho da nova directora para alterar a situação em que o arquivo se encontra. Com uma assustadora falta de funcionários, ele tem algumas dificuldades em manter as portas abertas. Torna-se necessário pressionar a reitoria e outros responsáveis para que dignifiquem esta instituição. A sua riqueza documental merece que assim seja. Ficaremos todos a ganhar...