abril 28, 2004

Pelos arquivos da capital

A capital é, teoricamente, um paraíso para os investigadores da ciência histórica. A sorte de aprendiz de feiticeiro permitiu-me, nestes últimos dois anos, conhecer um grande número dos arquivos e bibliotecas de Lisboa. Na semana passada consegui cumprir o plano proposto e visitei alguns deles. Hoje vou destacar três.

A Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa possui uma instalações bastante curiosas. Cheira mesmo a velho, e o mobiliário faz-nos sentir noutra época. A mim fez-me sentir num século XX salazarento. No entanto, trata-se duma boa biblioteca, imprescindível para quem estuda, por exemplo, as antigas colónias. A funcionária que nos atende é bastante eficiente. Era bom encontrar gente assim lúcida e "despachada" noutras instituições.

Por exemplo, no Arquivo Histórico do Ministério das Obras Públicas. Aqui parece haver poucos "clientes", mas nem por isso as funcionárias sofrem menos de "stress". Não lhes perguntem nada. E, por favor, não trabalhem sozinhos com a máquina dos microfilmes: a funcionária tem que estar ao vosso lado (o que, como imaginam, nos faz sentir bastante à-vontade e permite a tranquilidade necessária para a leitura das escuras películas...).

Mas eis a pérola da nossa aventura pelos arquivos da capital: o Arquivo Histórico Ultramarino. Se querem viver uma experiência digna dum filme de ficção este é o local indicado. Lento, muito lento, lentíssimo. Não percebo... Os funcionários são bastante estranhos (não vou descrever) e desperdiçamos uma eternidade para ler meia dúzia de documentos. Tive que explicar ao funcionário que estava na sala de leitura que um microfilme não vinha em suporte de CD ou Disquete, o que ele percebeu depois de insistir comigo durante uns 10 minutos. Depois, demoraram 30 minutos para me darem uma factura do pedido de reproduções. Com a factura na mão fugimos dali e fomos apanhar o eléctrico, que, por acaso, terminou a marcha antes de chegar ao destino. Ninguém protestou. Ou melhor, ninguém protestou como o fariam no Porto.

Apesar de tudo, como eu gosto do que faço...