"Matou-se o ensino técnico profissional licenciando-o". A acusação foi proferida ontem, em Beja, pelo ministro da Educação, David Justino, lembrando aos professores da Escola Secundária D. Manuel I que os cursos tecnológicos "têm sido vistos como uma alternativa para colocar os alunos que se consideram menos capazes". O governante associa a desactivação do ensino tecnológico "à mais elevada taxa de abandono escolar da Europa", que considera "a maior chaga social do nosso país".
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Nos últimos 30 anos "a sociedade democrática só formou doutores e engenheiros", observa o ministro, frisando que esta opção "não passou de uma ilusão que lançou no desemprego milhares de jovens". A falta de interesse pelo ensino tecnológico deriva do facto de ele "ser pouco atractivo para os jovens. Só um pequeníssimo número dos que o frequentam é que acede ao ensino superior. Temos que reconhecer os erros", assinala David Justino.
Para inverter este cenário de insucesso escolar, o governante defende a regeneração de 15 a 20 antigas escolas comerciais e industriais disseminadas por todo o país, vocacionando-as para o ensino tecnológico. Contudo, este projecto deve passar por uma ligação às empresas e às autarquias, para que sejam estas entidades a "definir o perfil dos técnicos que necessitam". Mas, se as empresas não aderirem, "não podem depois queixar-se de não ter mão-de-obra qualificada", observa o ministro...
In "Público" (03/04/2004)
Este "discurso" do Ministro da Educação parece-me positivo. Resta agora esperar que tenha efeitos práticos e que se aposte no ensino técnico.