abril 03, 2004

Ensino tecnológico

"Matou-se o ensino técnico profissional licenciando-o". A acusação foi proferida ontem, em Beja, pelo ministro da Educação, David Justino, lembrando aos professores da Escola Secundária D. Manuel I que os cursos tecnológicos "têm sido vistos como uma alternativa para colocar os alunos que se consideram menos capazes". O governante associa a desactivação do ensino tecnológico "à mais elevada taxa de abandono escolar da Europa", que considera "a maior chaga social do nosso país".

(...)

Nos últimos 30 anos "a sociedade democrática só formou doutores e engenheiros", observa o ministro, frisando que esta opção "não passou de uma ilusão que lançou no desemprego milhares de jovens". A falta de interesse pelo ensino tecnológico deriva do facto de ele "ser pouco atractivo para os jovens. Só um pequeníssimo número dos que o frequentam é que acede ao ensino superior. Temos que reconhecer os erros", assinala David Justino.

Para inverter este cenário de insucesso escolar, o governante defende a regeneração de 15 a 20 antigas escolas comerciais e industriais disseminadas por todo o país, vocacionando-as para o ensino tecnológico. Contudo, este projecto deve passar por uma ligação às empresas e às autarquias, para que sejam estas entidades a "definir o perfil dos técnicos que necessitam". Mas, se as empresas não aderirem, "não podem depois queixar-se de não ter mão-de-obra qualificada", observa o ministro...

In "Público" (03/04/2004)

Este "discurso" do Ministro da Educação parece-me positivo. Resta agora esperar que tenha efeitos práticos e que se aposte no ensino técnico.