Hoje acordei, eram umas 7h, a ouvir a TSF. Ainda meio a dormir, qual não é o meu espanto que, como notícia de abertura, falam sobre ciência e investigação e ouço a nossa ministra da Ciência e Ensino Superior. As únicas palavras que retive ao longo do dia foram "fuga de cérebros", "jovens investigadores" (aqui com dúvidas se terei ouvido bem por causa da 3ª expressão que fixei) e "cem artigos publicados em revistas internacionais". Ao chegar a casa encontrei a notícia no sítio do Público (já que para aceder ao da TSF teria que ser cliente dum sapo, imagine-se). Não vos deixo o link, já que a notícia é curta (verdade oficial, já que a verdade efectiva é que ainda não sei fazer isso):
O Governo vai anunciar hoje o novo modelo de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, cuja principal novidade são as formas de combate à "fuga de cérebros" de Portugal. O Ministério da Ciência e do Ensino Superior vai pagar as despesas de investigação aos doutorados "com grau de excelência", portugueses ou estrangeiros, que se fixem em Portugal. Os cientistas portugueses que optem por ficar ou regressar a Portugal recebem o dobro.
As novas normas, que a tutela deve divulgar hoje no seu sítio na Internet, são avançadas pelo "Diário de Notícias", que indica que a medida entra em vigor já a 1 de Julho.
Para poder concorrer a estes incentivos, os investigadores devem ter já publicado pelo menos cem artigos em revistas científicas internacionais e ter sido coordenadores de pelo menos dez outros doutoramentos. Estas condições aplicam-se tanto a investigadores portugueses como a estrangeiros. Mas no caso de portugueses radicados no estrangeiro, o Ministério da Ciência e do Ensino Superior propõe bolsas de retorno, em que serão pagas as despesas de investigação a 200 por cento.
A ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria Graça Carvalho, indica que os critérios vão limitar o número de cientistas abrangidos, mas acredita que entre cem e 200 investigadores poderão beneficiar dos incentivos.
Esta é a notícia. Parece bem, não é? Mas reparem que tudo à volta permanece na mesma. Criam-se óasis permanecendo tudo o mais igual? Um investigador, por melhores condições (pessoais/individuais) que lhe sejam oferecidas, estará interessado em trocar um ambiente competitivo e estimulante que terá encontrado no exterior, pelos nossos laboratoriozinhos?
Durante o dia estive em Vila do Conde, no arquivo municipal. O retrato dessa realidade (a dos arquivos portugueses) será, sem dúvida, aqui tratada um destes dias. Mesmo que a Cassandra não queira...